Em latim, a palavra Templum era equivalente ao termo hebraico Beth Elohim, e significava a morada da Deidade; portanto, como era relacionada à adoração da Deidade, seu significado literal era a Casa do Senhor.
Em muitas épocas diversas, tanto os adoradores de ídolos como os seguidores do Deus verdadeiro e vivo construíram prédios considerados inteiramente como santuários ou que continham certas áreas consideradas santuários. Os templos pagãos da antigüidade recebiam o nome de deuses e deusas mitológicos e eram considerados como sendo a morada do deus cujo nome levavam. Os pátios externos desses templos eram utilizados para assembléias gerais e cerimônias públicas, mas sempre havia recintos interiores em que somente os sacerdotes consagrados podiam entrar e onde, dizia-se, a divindade manifestava sua presença. Uma prova da exclusividade dos templos antigos, até dos pagãos, é que vemos que o altar pagão não ficava dentro do templo em si; ficava de frente para a entrada principal. Os templos nunca foram vistos como locais de assembléias para o público em geral, mas como recintos sagrados, consagrados às cerimônias mais solenes de um sistema de adoração específico (seja idólatra ou divino) e eram um símbolo visível e uma imagem tangível desse sistema.
Na antigüidade, o povo de Israel destacou-se entre as nações pela construção de santuários dedicados ao nome do Deus vivo. Esse serviço lhe era exigido especificamente por Jeová, a quem o povo professava servir. A história de Israel como nação data do êxodo. Durante os dois séculos de escravidão no Egito, os filhos de Jacó transformaram-se em um povo numeroso e forte; contudo, estavam no cativeiro. No momento certo, porém, suas aflições e súplicas chegaram ao Senhor, que os conduziu com o braço de Seu poder. Assim que escaparam do ambiente idólatra do Egito, foi-lhes exigido que preparassem um santuário em que Jeová manifestaria Sua presença e comunicaria Sua vontade no papel de Rei e Senhor a quem eles aceitaram.
O tabernáculo, que fora construído de acordo com o projeto e as especificações recebidos por revelação, era considerado por Israel como sendo sagrado, o santuário de Jeová. Era uma estrutura compacta e portátil, como exigiam as necessidades migratórias. Apesar de o tabernáculo não passar de uma barraca, era feito dos melhores materiais, os mais valorizados e caros que o povo possuía. Esse grau de excelência era a oferta da nação ao Senhor. Até os mínimos detalhes da construção foram pré-determinados, tanto na parte de projeto como na de materiais; era em todos os aspectos o melhor que o povo tinha a ofertar e Jeová santificou e a dádiva que Lhe era oferecida com Sua divina aceitação. Falando do assunto, atentemos para o fato de que não importa se é um homem ou uma nação que faz a oferta, se for feita de coração, com pureza de intenção será excelente aos olhos de Deus, por mais por mais modesto que esse melhor seja quando medido por outros padrões.
A resposta ao pedido de materiais para a construção do tabernáculo foi tão liberal e de tão boa-vontade que as doações excederam o necessário: "Porque tinham material bastante para toda a obra que havia de fazer-se, e ainda sobejava". (Êxodo 36:7) Emitiu-se uma proclamação quanto ao assunto e proibiu-se o povo de levar mais doações. Os artífices e trabalhadores que fizeram o tabernáculo foram designados por revelação direta, ou escolhidos pela autoridade divina designada, por causa de suas habilidades especiais e devoção. Depois de terminado, e considerando-se o lugar em que se encontrava e a situação em que fora criado, o tabernáculo tornou-se imponente. A estrutura era de madeira rara, as cortinas internas, de linho fino com desenhos pré-determinados bordados trabalhosamente de azul, púrpura e carmesim; as cortinas do meio as externas eram de peles escolhidas; as partes de metal eram de cobre, prata e ouro.
Fora do tabernáculo, mas no interior de seu pátio, ficava o altar de sacrifícios e a pia. O primeiro recinto do tabernáculo em si era uma sala periférica, ou o Santuário; depois dele, resguardado da vista por um outro véu, ficava o santuário interno, o Lugar Santíssimo, chamado especificamente de o Santo dos Santos. A entrada ao recinto periférico só era permitida aos sacerdotes, na ordem determinada; quanto ao recinto interior, o "santo dos santos", a entrada só era permitida ao sumo-sacerdote, somente uma vez por ano e, além disso, só depois de um longo processo de purificação. (Ver Hebreus 9:1–7; Levítico 16.)
Um dos objetos mais sagrados do tabernáculo era a arca da aliança. Ela era uma caixa ou baú feito da melhor madeira disponível, forrada e coberta de ouro puro e provida de quatro argolas de ouro para passarem-se as varas utilizadas para carregá-la nas viagens. A arca continha certos objetos de importância sagrada, como, por exemplo, um vaso com maná, preservado como lembrança; a esses objetos foram depois acrescentados a vara de Aarão, que florescera, e as tábuas de pedra com as inscrições feitas pela mão de Deus. Depois que o tabernáculo era montado no arraial de Israel, a arca era colocada além do véu interno, no Santo dos Santos. Sobre a arca, ficava o propiciatório, coroado por um par de querubins de ouro batido. Desse propiciatório o Senhor manifestaria a Sua presença, conforme o prometido antes que a arca ou o tabernáculo existissem: "E ali virei a ti, e falarei contigo de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins (que estão sobre a arca do testemunho), tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel".(Êxodo 25:22)
Aqui não tentaremos descrever pormenorizadamente o tabernáculo, seus objetos ou móveis; para nossos objetivos, basta saber que o arraial de Israel tinha um santuário desses, construído de acordo com um plano revelado, que representava o melhor que o povo tinha a dar tanto em materiais como em mão-de-obra; que ele era a oferta de um povo ao seu Deus e que foi plenamente aceito por Ele. (Ver Êxodo 40:3–38.) Como mostraremos posteriormente, o tabernáculo era um protótipo do templo mais estável e magnificente que, no transcurso do tempo o substituiu.
Depois de Israel ter-se estabelecido na terra prometida, quando, depois de quatro décadas de peregrinação no deserto, o povo do convênio, enfim, tomou posse de sua Canaã, o tabernáculo passou a ter um lugar para ficar em Siló; e as tribos iam ali para ouvir a saber da palavra e da vontade de Deus. (Ver Josué 18:1; 19:51; 21:2; Juízes 18:31; I Samuel 1:3, 24; 4:3–4.) Depois, foi levado para Gibeom (ver I Crônicas 21:29; II Crônicas 1:3) e, posteriormente, para a Cidade de Davi, ou Sião. (Ver II Samuel 6:12; II Crônicas 5:2.)
Davi, o segundo rei de Israel, queria construir uma casa para o Senhor e planejou fazê-lo, dizendo que não era admissível que ele, o rei, morasse em um palácio de cedro e o santuário de Deus fosse somente uma tenda. (Ver 2 Samuel 7:2.) O Senhor, porém, falou pela boca do profeta Natã e recusou a oferta, deixando claro que para ser aceitável aos Seus olhos, não bastava que a dádiva fosse adequada: era também necessário que quem a ofertava fosse digno. Davi, o rei de Israel, que em muitos aspectos era um homem conforme o coração de Deus, pecara e seu pecado não fora perdoado. Estas foram as palavras do rei: "em meu coração propus eu edificar uma casa de repouso para a arca da aliança do SENHOR e para o estrado dos pés do nosso Deus, e eu tinha feito o preparo para a edificar. Porém Deus me disse: Não edificarás casa ao meu nome, porque és homem de guerra, e derramaste muito sangue". (I Crônicas 28:2–3; ver também II Samuel 7:1–13.) Contudo, a Davi foi permitido reunir o material para a casa do Senhor, edifício que não seria construído por ele, mas por seu filho, Salomão.
Pouco depois de subir ao trono, Salomão iniciou o trabalho que herdara como uma honra juntamente com a coroa. Preparou os alicerces no quarto ano de seu reinado e a construção foi terminada em sete anos e meio. A grande riqueza que o rei, seu pai, acumulara e reservara para a construção do templo, possibilitou a Salomão fazer do mundo então conhecido seu tributário e arregimentar a cooperação de outras nações nessa tarefa grandiosa. Muitos milhares de trabalhadores foram empregados na obra e havia um artífice chefe encarregado de cada setor da obra. Era uma honra trabalhar em qualquer atividade nessa construção e o trabalho passou a ter uma dignidade que não lhe era atribuída anteriormente. A alvenaria transformou-se em profissão e os ofícios que a constituem foram estabelecidos e perduram até hoje. A edificação do Templo de Salomão marcou época, não só na história de Israel, mas na história do mundo.
De acordo com a cronologia comumente aceita, o templo foi concluído aproximadamente em 1005 a. C. No que se refere à arquitetura e construção, projeto e custo, é considerado um dos prédios mais notáveis da história. A cerimônia dedicatória durou sete dias: uma semana de alegria santa em Israel. Com a devida cerimônia, o tabernáculo da congregação e a arca sagrada da aliança foram levadas para o templo e a arca foi colocada no santuário interior: o Santo dos Santos. O Senhor manifestou sua aceitação benevolente por meio da nuvem que encheu as câmaras sagradas enquanto os sacerdotes se retiravam: "E os sacerdotes não podiam permanecer em pé, para ministrar, por causa da nuvem; porque a glória do Senhor encheu a casa de Deus". (II Crônicas 5:14; ver também II Crônicas 7:1–2; e Êxodo 40:35.) Dessa forma, o templo superou, substitui e assimilou o tabernáculo, do qual, na verdade, era um magnificente sucessor.
A comparação do projeto do Templo de Salomão com o do tabernáculo que o precedeu demonstra que, em todos os elementos essenciais, a disposição e a proporção dos dois era tão semelhante que eram praticamente idênticos. É verdade que o tabernáculo tinha só uma câmara, enquanto o templo era rodeado de átrios, mas a estrutura interna em si, o templo propriamente dito, seguia de perto o projeto anterior. As dimensões do Santo dos Santos, do Santuário e do alpendre do templo eram exatamente o dobro das partes correspondentes do tabernáculo.
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